Há uma casa na minha rua onde moram algumas pessoas que são meus vizinhos. Não sei como se chamam, ou quais os rostos, desconheço se trabalham ou em que é que trabalham. Não sei absolutamente nada sobre eles e, no entanto, todas as noites vou ouvindo aqui e ali pedaços da intimidade deles. Que é só deles e tão diferente de qualquer outra que conheça. A minha, por exemplo, na deles em lado nenhum se encontra. Tirando talvez o fato de por eles também ser ouvida.
Sinto pela minha intimidade um pudor tal que até estar nua à minha frente me dá calafrios. Digo-te que o mundo é bem maior do que aquilo que o imaginas e bem mais fácil de percorrer do que o que te dizem os teus anseios.
Um dia heide ir, só não te prometo voltar. Como de resto nunca nada de prometi, e logo a ti que por me conheceres tão bem sabes decor que nenhuma promessa conhecerá um dia lugar na minha boca. Tirando aquela, talvez, que conjure amor.
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amanhã talvez não