14 de março de 2010

Nego-te em vão, talvez

Nego-te a verdade do que sinto. Nego-te o prazer da gargalhada. Nego-te o toque ansioso. Nego-te a certeza de estar viva. Nego-te a efeumeridade da realidade. Nego-te a mentira. Nego-te os lábios e o corpo. Nego-te o auxílio. Nego-te a mão e o abraço. Nego-me a ti. Nego-te a mim. Nego-te a noite. Nego-te o dia-a-dia quotidiano replecto do conforto do afecto. Nego-te a clareza de me veres límpida como que por uma janela. Nego-te os meus pensamentos e as minhas vontades mais profundas. Nego-te o conhecimento. Nego-te a visão para além do óbvio.
Cego-te com ilusões do que não sou nunca te mostrando a imagem reflectida de mim no espelho. Cego-te como a uma criança porque de outra forma nem negar te consigo. Nego-te porque se não tu fizer quem me vai negar és tu - e a dor da queda por ti é de certo demasiado alta.
Entre te admitir e te negar, seguro é oferecer-me um não em troca do meu resguardo.
Admito que te nego e te cego porque de outra forma estas palavras seriam comandadas pela verdado do Admito-te.
Nego-te porque te sinto.

Não te negarei amanhã, prometo.

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amanhã talvez não