8 de julho de 2010

(porque é que vieste?)

o comboio pára sempre. nunca se esquece de uma única paragem, de uma única pessoa de que não é suposto que se esqueça.
era tão bom, era tão bom se por uma única vez que fosse, se esquecesse. se não parasse nesta terra árida, que seguisse em frente, que me não fizesse esventrar-me, que me não me fizesse recordar-te o nome (os lábios, a pele - esse toque tão cruel que me traz lágrimas, que me acalenta medos, que me faz querer mais - tu sabes)
"Atenção à passagem de um comboio sem paragens" - era tão bom de ouvir meu amor, era tão bom saber que não vinhas. que não vinhas com esse teu veneno para cima de mim, que não me vinhas aquecer o sangue, romper as veias. era tão bom saber que as camas me passariam ao lado, que as vontades de te sentir as mãos queimarem-me a pele não viriam, que o desespero sofrego de te sentir erecto não me ia consumir, mais do que o corpo, a alma. meu amor, se não viesses não iria ter de morrer na minha própria saudade, a chafurdar no desejo de te calejar as costas com as minhas mãos e de te viciar o pescoço com os lábios.

pedir-te que não venhas era pedir muito, eu sei. talvez seja eu quem se tem de ir embora, também sei.

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