26 de agosto de 2010

desta segunda vez

da primeira vez quase que te depositei todas as minhas esperanças, quase te ofereci todas as minhas ideias, os meus ideais. quase que me dei a ti inteira, pronta a ser partida, pronta a perder-me com os ventos das mudanças das nossas vidas. (de cada um dos nossos carris diferentes). agora, ou melhor - hoje, continuo a lembrar-me do teu sorriso, da maneira como o lábio se desvia, ligeiramente, para a direita, continuo a não esquecer a argola, ou o cabelo rebelde a emaranhar-se por causa do tempo. sorvia as tuas palavras de um só trago, não me preocupava sequer em rentabiliza-las para que durassem muitos dias, sabia que terias mais e mais e mais para dar, e eu tanto ainda para receber (dentro de instantes, tu não te calavas). ria-me de ti, oh como me ria mais de ti do que contigo! eram gargalhadas prometidas, quase imunes aos pecados de um amor que acaba porque é impossível que dure. o sabor salgado do teu pescoço e as tuas mãos - de poeta refinado do séc. XXI - a percorrerem-me o corpo invasivas em terras desconhecidas aos calos das tuas palmas. desta primeira vez quase que o amor me findou com ele quando nos soubemos ir os dois embora. quando não nos vimos de mãos dadas a passear o Douro, a passear o Tejo, o Guadiana ou o Vouga. quando o que nos faltou não foram as mãos mas os rios soubemos que o amor não chegava, que era tão pouco. se chegasse até os oceanos soariam a certo.

desta segunda vez lembro-me de como depositei as minhas esperanças em ti, de como quase te ofereci as minhas ideias, os meus ideais, de como me quase me dei a ti inteira e de como, no final, o amor nos soou a pouco.     
(só que depois lembro-me de como me sabes bem)

1 comentário:

amanhã talvez não