da primeira vez quase que te depositei todas as minhas esperanças, quase te ofereci todas as minhas ideias, os meus ideais. quase que me dei a ti inteira, pronta a ser partida, pronta a perder-me com os ventos das mudanças das nossas vidas. (de cada um dos nossos carris diferentes). agora, ou melhor - hoje, continuo a lembrar-me do teu sorriso, da maneira como o lábio se desvia, ligeiramente, para a direita, continuo a não esquecer a argola, ou o cabelo rebelde a emaranhar-se por causa do tempo. sorvia as tuas palavras de um só trago, não me preocupava sequer em rentabiliza-las para que durassem muitos dias, sabia que terias mais e mais e mais para dar, e eu tanto ainda para receber (dentro de instantes, tu não te calavas). ria-me de ti, oh como me ria mais de ti do que contigo! eram gargalhadas prometidas, quase imunes aos pecados de um amor que acaba porque é impossível que dure. o sabor salgado do teu pescoço e as tuas mãos - de poeta refinado do séc. XXI - a percorrerem-me o corpo invasivas em terras desconhecidas aos calos das tuas palmas. desta primeira vez quase que o amor me findou com ele quando nos soubemos ir os dois embora. quando não nos vimos de mãos dadas a passear o Douro, a passear o Tejo, o Guadiana ou o Vouga. quando o que nos faltou não foram as mãos mas os rios soubemos que o amor não chegava, que era tão pouco. se chegasse até os oceanos soariam a certo.
desta segunda vez lembro-me de como depositei as minhas esperanças em ti, de como quase te ofereci as minhas ideias, os meus ideais, de como me quase me dei a ti inteira e de como, no final, o amor nos soou a pouco.
(só que depois lembro-me de como me sabes bem)
está lindo, lindo!
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