as lágrimas secam, por não existirem. a unidade uni-pessoal que nos pertence por direito legitimo desde nascença é evacuada do fraco hospedeiro em que o nosso corpo se tornou. passamos a nada, metamorfoseamos, tal e qual borboletas, passamos de pessoas a carcaças.
a questão é que sem o vazio como refúgio nem sequer sobreviver até que passe conseguíamos.
durante dias, semanas, meses, mudamos de nome, idade, morada. passamos de seres identificados a estranhos desconhecidos. dormes, comes, bebes, mijas, cagas, não fodes, não amas. não amas porque já não podes, porque já não consegues, porque a última vez que o fizeste explodiu-te, porque foi a última vez que te trouxe até aqui, ao vazio, porque foi ela a tua ruína, não amas. já não sabes como porque ainda não te esqueceste. não fodes porque o quanto te dói ainda saber amar te impede de dar mais do que uma palavra a quem quer que seja. durante dias, semanas, meses, mudas-te por tempo indefinido para o vazio, não vives. sobrevives. é o que fazemos em pleno vazio, tentamos sobreviver à queda.
calculo que o não sentir que tanto procuramos nos é negado por e simplesmente porque, só o procuramos por estarmos a sentir. entretanto vamos sentindo, vamos... sobrevivendo até que passe.
nao te conheço, nao me conheces. mas nao posso deixar de te dizer: tens um dom.
ResponderEliminarAdoro quando me comentam o blogue. Por exemplo, não tinha conhecimento deste teu espaço. E que espaço.
ResponderEliminarAdorei cada uma das tuas palavras e ainda ando a explorar as tuas palavras.
inundaste-me. sinto-me incapaz de responder. estas palavras tao nossas, tao presentes. sobreviver é tao fodido.
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