3 de outubro de 2010

bu,

conhecemos-nos no comboio. entre paragens. à procura do mesmo destino. tu dormias com a boca fechada, encostado para trás, com a cabeça tombada sobre o assento. eu estava de pé, agarrada a ti. tinha-te acabado de conhecer e já me estava a agarrar a ti - para não caír.
desde essa altura que me amparas as quedas.
voltamos a ver-nos. todos os dias. na segunda porta. lá estavas, afogado no sono, meio perdido no conforto aparente das tuas roupas largas. sempre a sorrir entre bocejos. sempre num bom dia animado mesmo que silêncioso.
conhecemos-nos num degrau de uma casa antiga. entre aulas. tu choravas, eu sequei-te as lágrimas com gargalhadas. agarraste-me na mão.
desde essa altura que te amparo as quedas.
desde esse dia em que nos mordermos os corações.

3 comentários:

  1. gosto da maneira que tens de fazer com que as palavras pareçam leves e simples, quando no fundo a maneira como elas se relacionam é complexa!

    gosto dessa dicotomia, dessa dualidade da tua escrita. gosto imenso da tua prosa. (é raro eu gostar da prosa de alguém)

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  2. sim, conhecemo-nos e agarrámo-nos com força e certeza de que seriamos felizes nos momentos em que nos encontraríamos. Também fomos capazes de resgatar os restos das vielas sujas e imundas em que encontrámos o outro, um coração mordido por aqueles que vieram e foram, deixando um rasto ruinoso e decadente. amparámo-nos o quanto podemos mas resta saber uma coisa. há pessoas que sobrevivem só com um rim, seremos nós capazes de sobreviver só com meio coração?

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  3. um encontro predestinado.
    não sei sinceramente, não me lembro, como conheci qualquer um de voçês. talvez não seja importante ou talvez um dia me relembrem. mas sei uma coisa, a cor dos vossos olhos, de mais ninguém. é dificil para mim. mas duas coisas com olhos cor de mel não se esquecem.

    e, coisa, não esperava outra coisa de ti. nao esperava que te sentisses minimamente culpada. mas sim, embalaste-me nos braços dele. e desse momento eu lembro-me, foi após vários rabiscos numa folha do meu caderno que descobriste a existência d'Ele.
    foi bom. foi GIRO.

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amanhã talvez não