9 de outubro de 2010

de 21/Março a 21/Abril - signo aires

Lovers

Secret Smile

Buterfly

 Gostava que lesses sobre o que não podes ter,
como é que não esqueço que não fui eu a obrigar. como é que não esqueço que não fui eu a pedir, não não, eu não esqueço.
eu não esqueço de como me desmoronaste o mundo só por estares presente, contagiante num quotidiano que me vinha a ser tão familiar. estonteante de sorrisos palavras e bem dizeres. não me esqueço de como, estranhos a nós mesmos, decalcámos a minha cidade de uma ponta à outra sem olhar para relógios, sem sol que nos guiasse no tempo. não me esqueço de quando entramos no reino de outrém para o tranformar-mos nosso, não me esqueço da tua voz - tentativa frustrada - sob a tua guitarra - tentativa falhada. batimentos cardíacos que não se apagam, esses. esses, de como eu não te pedi nada.
pé ante pé a subirmos as escadas, de milimetro a milimetro a tocarmo-nos, irreverentes estranhos de vontades e anseios. sim, eu lembro-me de ti assim, pequenino sob o meu olhar de negação mentirosa, medroso por uma rejeição que da minha boca sabias não vir a conhecer... verdadeira.

o teu toque metediço em campos privados do meu nome, a minha voz a negar-te a mão de perfeita contradição para com meu desejo, os sonhos de princesa a inrromperem-me pelos olhos a dentro e todos os não-motivos-para-que-aconteça a aflorarem-me a boca. um atrás do outro, tal e qual relâmpagos transparentes.
pelo menos tu não os viste, ou assim preferiste.
a tua boca, os teus dentes a investirem de mansinho sob os meus lábios cerrados, os meus lábios entreabertos e o primeiro toque interno. a dor de te saber só de uma noite a consumir-me em águas. a devastar-me em rios. tu e eu, naquela varanda com vista para tudo. eu e tu naquele terraço, naquele éden onde tudo começou.
o quarto, o chão, a minha-sweat-linda-que-não-era-minha, as tuas mãos tactentes por toda a parte. eu a cegar-te, a encerrar-te os ouvidos com os dentes, a calar-te a voz com os olhos.
nós, imundos, no chão de um quarto que não nos pertencia em nada até àquele momento.

no dia seguinte eu achava que tinha acabado. tu achavas que não.
tu ganhaste, vencemos os dois.
hoje, derrotados, eu não me esqueço que não te obriguei a nada e que, mesmo depois de nos termos vindo embora, continuaste a pedir-me que te manchasse os lençois, cabrão. (eu nunca te disse que não mas nunca por lá voltei a passar, sabia que só mais uma fodinha era motivação suficiente para querer retornar aos tempos da rede, de uma outra casa que não nossa, em que me perguntaste o que eu não queria ouvir e ao que respondi sim). não, não me esqueci. ainda te amo de igual maneira.

 e é mesmo só isso por isso que dói saber-te em sonhos de quem já me foi muito.
oh cabrão, éramos mesmo bons, tu e eu, explodiamos com tudo. lembraste?
eu não me esqueci, mas já só me recordo. às cinco menos dez de hoje tenho orgulho do que fomos. um dia.

2 comentários:

  1. gosto .
    uma renovação de escrita. uma renovação de alma. uma renovação de coisas.
    foi bom ver-vos juntos. os sorrisos que nunca esqueceram. o toque que nunca mais será o mesmo , ficarão sempre restos do passado. palavras esquecidas. memórias que vêm ao de cima. gostei de ver dois adultos.
    gostei de ver quem era adulto. a perfeita harmonia entre duas coisas. duas coisas minhas.
    acho que ele se pode considerar uma coisa, nao pode?

    posso dizer, gosto.

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