28 de janeiro de 2012

querido ex-amor meu

tenho medo que as pessoas olhem para mim na rua e que vejam pedaços de ti, vestígios que não foram. restos da tua pele que ficaram espelhados por todo o meu corpo. sei que não vêm. também tenho medo disso, de que não vejam. queria que te vissem, todo tu por mim, em mim. a tua passagem rabiscada nas minhas mãos, nas palmas das minhas mãos sob a forma de linhas, tu a acrescentares mais linhas nas palmas das minhas mãos.
lembraste quando embarcámos na nossa viagem? nunca fomos muito felizes, é certo, mas iamos tendo os nossos momentos. nunca te importaste que pudesse ser tua filha, nunca me incomodou que pudesses ser meu pai.

às vezes quedo-me, em silêncio. no meio da rua. tu sabes desses meus momentos - nunca te escondi esses segundos. não me assusta ser estranha aos teus olhos, não me assustava. lembro-me de ti e tenho saudades tuas, das tuas mãos pelo meu corpo a amarem-me, não sei bem como. a aceitarem resignadas o meu retribuir tão distinto.
os rapazes lá fora jamais me poderiam tocar como tu.

1 comentário:

amanhã talvez não