4 de fevereiro de 2012

invasão de espaço privado, olá sérgio

há uns anos atrás estava sem livros para ler, de tempo a tempo acontece. nas estantes já tudo estava gasto pela memória. nada de novo, nada de velho.
foi assim que te descobri.
uma página qualquer, só mais uma nas mil existentes.
em simultaneadade com outra criava uma história.
escrevias para a tua namorada, ou para o mundo, e ela para ti - todos os dias.
foram precisos poucos para perceber que te chamavas sérgio - o dela demorei mais a desenterrar da bagunça das imagens.
desculpa. deve ser horrivel saber que estranhos te iam lendo a vinda. mas foi o que fiz.
um livro como qualquer outro, personagens como quaisquer outras. ia-me rindo, a narrativa tinha altos e baixos, reentrancias e saliencias.
nunca vos tomei como reais, confesso. só personagens de mais uma história.
ter-vos reais era o culminar da catarse, o fim da teia.

há um ano atrás entrei no café, sentei-me e vi-te.
demorei umas horas a reconhecer-te. nunca me senti tão intrusa.
sabia tanto sobre ti, é preciso ter cuidado com o mundo virtual, às vezes revela-nos os passos.
queres escrever sobre isso?

mero acaso, não sofro de nenhuma patologia. garanto.

6 comentários:

  1. Realças já palavras proferidas por imensas bocas... em tom de resposta, sorrio...

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    1. e eu a pensar que estava a escrever algo de novo..

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    2. passado, é-me irrelevante... e por muito que penses conhecer uma pessoa apenas pela observação... podes nunca conhecer realmente... cito uma pequena advertência a esse comportamento, nem todos o poderiam compreender ou até tolerar tão bem quanto eu...

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    3. disseste bem, passado. como deves calcular não é uma das minhas atividades recorrentes. e, calma, é obvio que não te conheço de lado nenhum, nunca sequer levantei a hipotese contrária. não me interpretes mal.
      não faças de mim "stalker", este texto é produto de uma estória da minha vida que acabou por se revelar engraçada pelo simples fato de encontrar as pessoas na rua.
      como disse, não sofro de nenhuma patologia e não tenho como hábito perseguir pessoas para recolher informações.

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  2. tudo bem... por mero acaso se algo me surgir escrito, saberás

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  3. vou fazer de conta que percebi inteiramente o que disseste.

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amanhã talvez não