8 de fevereiro de 2012

ouve,

pára. ouve, não são garantias essas. são pedaços de passado, nada mais.
as ruas não têm de ser todas de calçada, algumas são alcatrão.
o suor dos cabelos compridos não é necessariamente incomodativo, às vezes é só perfume. às vezes não passa daquela fragância.
se não vais votar não tens o direito de reclamar uma única palavra que seja contra o partido em poder. aprende que a razão pode habitar na casa ao lado da tua, no quarto do vizinho da frente.
as coisas são assim, nunca certas. as garantias não existem. só as que já foram, do que já foi.
o amanhã não é simbiótico mas ouve-me, é feito de particulas que não se untam.
rasga o teu pensamentoo preconcebido sobre a tua irmã, ela ainda há-de crescer, provavelmente será melhor do que tu se fizeres bem a tua parte. o teu papel é alcatroar o caminho que ela tem para percorrer. calçar-lhe os pés para que se não lhe doam os joelhos.

estás a reparar que nada do que as minhas palavras dizem é verdadeiro ou possui algum tipo de sentido mas se o leres, ao discurso, como se te fosse dito verás que os meus pensamentos não são assim tão vagos.
eu moro no primeiro direito do meu prédio mas esta pode ser uma morada errada, posso estar a mentir-te sobre ela. eu tenho dois irmãos e sou a do meio porque nasci precisamente seis anos depois de um e seis anos antes de outro - mas também isto pode ser mentira apercebeste , estou a contar-te isto mas pode não ser verdade, mesmo apesar das duas fotografias na minha carteira. podem não ser irmãos, podem ser primos.

o meu verdadeiro nome não é aquele com que assino, ficas desde já a saber mas aquele com que rabisco os meus fins é tão meu quanto o suposto.
há um candeeiro de rua em frente ao meu quarto com a luz quase fundida. eu olho-o e vejo as mocas e os insetos que, depois de ali chegarem, ali se perdem.
nasci no dia vinte e três de à dezoito anos atrás mas, na verdade, sou bem mais velha do que tu.

3 comentários:

amanhã talvez não